27/11/2007

"Em Algum Lugar do Passado"

Eu sempre tive (e ainda tenho) fascinação por filmes que utilizam o tempo como ferramenta de interesse. Saltos do presente para o passado, do passado para o futuro, formando uma rede de fatos relacionados que desencadeiam o efeito dominó. Amo!
Talvez por este motivo, "Em Algum Lugar do Passado" é um de meus filmes preferidos. Eu aluguei a fita (vídeo) em 1987 e pude vê-la sozinha. Que sorte, porque assim chorei à vontade, sem ninguém me olhando com curiosidade.
"Somewhere in time" é uma história de amor, que brinca com o tempo, que faz a gente viajar e se apaixonar. O personagem principal, Richard (Christopher Reeve) volta ao passado para poder conhecer e encontrar o seu amor Elise (Jane Seymour). Sei, sei. Você viu o filme e não concorda comigo. Tudo bem. A interpretação desta história é muito pessoal e já gerou algumas polêmicas. Há os que preferem dizer que tudo não passou de um sonho. Mas eu gosto de acreditar que ele realmente viaja para o passado, utilizando a técnica de um estudioso no assunto. (Por isso ele compra uma roupa da época e tira todos os objetos modernos do quarto).
A trilha sonora é maravilhosa e as principais músicas são: "Somewhere In Time" John Barry e "Rapsódia Sobre um Tema de Paganini" (Sergei Rachmaninoff). Elas sempre me comovem muito.
Algumas cenas formam a "rede" passado-presente e marcam pela sensibilidade:
- momento em Richard se apaixona pela fotografia da atriz (no tempo presente), sem saber que quando ela pousou (no tempo passado), eles estavam se olhando.
- quando Richard constata que seu nome está em um dos arquivo antigos de hóspedes do hotel, confirmando que ele esteve realmente lá no passado e lhe fornecendo a certeza absoluta de que pode voltar no tempo.
- no início do filme, quando ela, velhinha, entrega o relógio para Richard e diz: "volte para mim!".
Mas o momento de maior impacto, que me pegou de surpresa, é o da manhã seguinte que eles passam a noite juntos. Os dois conversam e dão risada. Ela critica a roupa que ele está usando. Ele acha graça da crítica, enfia a mão no bolso do paletó e retira uma moeda que o faz lembrar que está fora do seu tempo. Enquanto ela grita, a imagem escurece e faz entender que ele some e avança para o seu tempo real. Será que é possível ver esta cena sem chorar ? Bom, eu desabei! E nos momentos seguintes, torci para que ele conseguisse voltar. Eu me senti tão desolada, inconformada, vivendo todo o drama.
Que romance lindo! Leve, quase inocente e tão profundo. (Não posso deixar de citar a saudade e admiração por Christopher Reeve, nosso super-homem das telas, que deixou uma linda lição de vida e de coragem.)
E depois de todos estes anos, sempre que lembro do filme, uma dúvida continua me perseguindo. Será que você sabe a resposta? Vou insistir até alguém responder: afinal, de quem era realmente o relógio?
Melhor do que quebrar a cabeça pensando, relembre e aprecie comigo.

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