12/03/2011

Quando nossos filhos tornam-se Filhos do Mundo

Um dia o desejo brota. Não sei de onde vem essa vontade de embalar um bebê. Corremos atrás do sonho até que se torne realidade.

Seja do próprio ventre, seja do coração, um filho e traz um encantamento. Um pequeno revolucionário que nos transforma em anjos da guarda. Obtém da nossa alma o amor mais sincero e incondicional. É tanto amor que parece não caber... Vestimos o manto da responsabilidade, despertando temores e cuidados nunca observados antes. Aflora a auto preservação necessária para garantir a própria existência em função de outra.

Os anos passam e, num piscar de olhos, o bebê indefeso cresce e se transforma em projeto de adulto. Por vezes, até esquecemos de nos preparar para a chegada deste momento. O coração fica apertado quando o filho começa a questionar nosso comando, e observamos uma distância sutil tomar o lugar de uma cumplicidade plena. Ele se afasta pouco a pouco, embora o coração de mãe permaneça imóvel, intacto e intocável.

É a lei da vida. Quando chega a hora é melhor aceitar, abrir as portas e libertá-los sem relutar.
É entregá-los à selva confiantes de que serão capazes de colocar em prática tudo aquilo que ensinamos. Mas continuaremos a zelar de forma dissimulada. Parte do que somos estará sempre com eles, assim como eles estão sempre em nossas orações. Passamos a ser espectadoras do que antes estava sob nosso comando, com os braços sempre abertos para acolher, amar, proteger e acarinhar quando for solicitado.

Quando nossos filhos tornam-se filhos do Mundo, substituímos fraldas e mamadeiras por abraços e conforto. Seguirão nas sementes que continuam gerando frutos numa árvore infinita de gerações. E nós observamos satisfeitas, desfilando sorrisos de Monalisa. Esta é a recompensa. Invisível, aos olhos, mas tão intensa como um Universo chamado Amor.



3 comentários:

Ani Cires disse...

Que lindo, mãe! Penso e temo tanto quando esse tempo chegar para a Clara. Vou plantar desde já essa sementinha do amor para o futuro que parece distante mas que será presente num piscar de olhos.
É muito bom ser a filha, embalada e consolada. Saudades do conforto do seu colo!
Beijo, Ani

Blog da Terezinha Sobreira de VS disse...

Ouvi esta frase "criamos os filhos para o mundo" há muitos anos.
Fiquei horrorizada com a calma e aceitação da mãe que a pronunciou.
Mas é a grande verdade.
Somos criados todos juntos, como uma ninhada de pintinhos. É hora do banho, de alimentar, de estudar, de dormir. Brincadeiras, repreensões... sempre todos no ninho.
Chega a hora de levantar voo. Cada um para um lado! Encontros nem sempre frequentes. E aquelas crianças, antes tão unidas, vão se transformando em quase estranhos!
Ah! Que saudades do nosso ninho de sete irmãos!
Bem que podia ser diferente...

Betty Cires disse...

Terezinha, um dos momentos mais complicados para mim é a fase em que os filhos tornan-se independentes. Não por "perder" os filhos, mas sim pelo medo que tenho do mundo selvagem que está lá fora. Mas é inevitável! Tento reuniar a família sempre que possível (agora já com netinhos) para reabastecer a energia e mostrar a eles como é importante estar perto e poder contar com este aconchego. Beijos